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(é) Tempo de Continuar

Posted by Odir Macêdo Neto on 13:48 in
Belém, 13 de julho de 2009.

Lembro-me quando estava, no ano passado, lendo algumas entrevistas sobre estudantes que tinham acabado de entrar na universidade, ou seja, os calouros, e um deles caracterizava a vida do vestibulando e sua jornada como "solitária". Dizia que para o vestibulando não há muito com quem contar, que por muitas vezes havia a necessidade de se sofrer só, entendendo que o resultado lá na frente é responsabilidade dele, e somente dele.

Me lembro de minha tia, hoje já formada em medicina e tudo mais, falando que na época em que fez o vestibular tinha sempre na mente o pensamento: "agora sou só eu e Deus". Ou seja, ninguém mais poderia ajudá-la, salvo os "empurrõezinhos" e palavras de incentivo da família, dos amigos; mas na maioria do tempo ela só podia contar com ela mesma e que dependia dela, e unicamente dela.

Hoje, debruçado em livros, exercícios, leituras, em um mês que muito geralmente se escolhe para descansar e descarregar as energias, vejo que as realidades destes que alcançaram o seu objetivo são mui próximas das minha realidade. Ano passado talvez eu não sentisse isso com a mesma intensidade que eu sinto hoje. Afinal de contas, esse ano eu resolvi me despojar mais de certos desejos para me dedicar para o vestibular. Há quem diga que eu deveria tê-lo feito logo no ano passado, mas Deus me encaminhou para mais um ano de luta, que está me servindo como ano de aprendizado para a vida, para toda a minha vida.

Perceber a solidão que o vestibulando sente em tantas etapas da grande jornada de um ano inteiro é algo que de uma certa forma me conforta. Eu sinto que a recompensa é muito grande. Que a recompensa vai ser muito grande lá na frente. Diferente de tudo que eu já senti nos outros anos, esse ano eu sinto a confiança em Deus crescendo dentro de mim de uma forma muito intensa. Acredito que esse ano também está me conduzindo a confiar e a descansar mais Nele.

De vez em quando, sinto meu coração pressionado, cheio de angústia, de incerteza; me bate um desespero. Ano passado eu vivia navegando nesses mares de desespero. Eu não navegava, eu afundava; por muita vezes me afogava. Mas esse ano, quando eu percebo que a afronta se aproxima, quando eu sinto o meu coração oprimido, quando eu vejo minha inteligência e o meu conhecimento sendo esmagados por uma série de circunstâncias, eu respiro fundo e deposito minha confiança em Deus. Lanço sobre ele toda a minha angústia, e Ele me consola. Ele tem me consolado.

A distância da família, dos amigos, das pessoas que eu mais amo; a percepção de que pouco a pouco perdemos aquele amparo efetivo e direto daqueles que cuidam da gente desde as fraudas; a ampliação dos nossos horizontes, revelando-nos o vasto mundo que temos aí pela frente, cheio de descobertas, cheio de perigos, cheio de coisas boas, cheio de coisas más; tudo isso se junta e nos desconserta em certos momentos, mas graças a Deus, graças ao amor daqueles que nunca deixam de cuidar de nós, graças às orações e torcidas daqueles que acreditam em nós, nasce sempre a vontade de caminhar mais longe, de alcançar grandes coisas, a começar pelo pouco e juntando para o muito.

É julho. É mês de férias, é tempo de descanso para muitos. Para mim, é tempo de permanecer na dedicação, continuar persistindo, de lutar contra o cansaço, de receber de Deus a energia que muitas vezes me falta, de estudar, de pensar e repensar e continuar pensando. De permanecer existindo. E - já disse? - persistindo. Sempre.

N'outro breve tempo retorno. Até lá.

Odir Macêdo Neto.

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