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Quando tudo parece contrário

Posted by Odir Macêdo Neto on 21:35 in
Belém, 18 de outubro de 2009.

Minha inspiração

Há algum tempo, eu venho fortalecendo em mim a vontade de postar alguma mensagem de esperança, de ânimo, de motivação, mas por vezes fui atacado pela falta de inspiração, pela ausência de um bom tema ou texto-base que me conduzisse a falar disso e pela vergonha de bancar um Augusto Cury ou qualquer outra coisa do tipo.

Eis que o dia chegou e as circunstâncias que tenho vivido nos últimos tempos me empurraram para frente do palco e não encontro escapatória, ou seja, estou aqui sentado, frente ao computador, digitando e percebendo que agora que comecei, não vou poder, nem conseguir, parar. O público já espera uma reação e eu não posso pagar um mico nessa hora. Porque mais vergonhoso que falar em público é ficar parado com cara de banana. Por isso, vamos lá.

Disse, algumas linhas atrás, que venho passando por algumas circunstâncias que me levaram a escrever cá no blog. (Não sei por que, mas esta palavra, circunstâncias, transmite algo de ruim, de difícil, de triste. Transmissões à parte...) Essas tais circunstâncias são delicadas: a tensão, a pressão, a emoção e o estresse causados pelo vestibular; mais precisamente pelo 2º vestibular.

Há quem diga que não é hora para o desespero. Afinal, eu, com pouca idade, apanhando do vestibular para um curso tão concorrido como medicina, pela segunda vez, é algo comum. Muitos já passaram por isso. Mas geralmente quem fala isso, nunca enfrentou isso de cara; só viu, o que não quer dizer nada. Mas, aproveitando os conselhos de quem só viu, penso: não é hora de se desesperar no meu caso, mas e aquelas pessoas que tentam pela terceira, pela quarta, pela quinta vez, beirando às tentativas do Pitanguy; o que dizer delas? O que pensar delas? Pena, dó, raiva, inspiração, emoção? No meu caso, são motivo de inspiração para a vida e para o post.

“Circunstâncias” delicadas todo mundo já passou. Muita gente já se encontrou em barcos que estão prestes a afundar. Outros que já até afundaram – estes estão aprendendo a nadar. Tem gente que não está num barco furado, mas já tem medo antes de ter motivo para tê-lo e se joga no mar – no rio, para nós, ribeirinhos. Seja qual for o barco, sejam quais forem as águas, o perigo de se afogar é grande e muitos se afogam, muitos desistem, muitos não resistem e acabam morrendo. É sobre esse perigo que vou falar. Precisamente sobre aqueles momentos em que tudo parece nos pressionar, nos apertar, nos sufocar. Quando tudo parece contrário e paramos de lutar.

“Peguem suas Bíblias, irmãos, no livro de...”

Em um desses cultos da vida, eu estava bem desanimado por conta de algumas dificuldades nos estudos, uma tristeza grande no meu coração por questões espirituais, fora as circunstâncias – lá vêm elas de novo – de se estar morando sozinho, longe dos pais, da família toda, dos amigos mais chegados, etc. E mais uma vez a pregação daquele domingo me pegou em cheio. Como dizem: um verdadeiro bálsamo para a minha vida.

O texto-base para esse post está em Números 13:25-33. Essa passagem da Bíblia conta um episódio dos tantos que são relatados no começo do Antigo Testamento sobre a fuga do Egito, liderada por Moisés, à Terra Prometida. Sabemos, como conhecimento cotidiano, que nesse verdadeiro êxodo o povo passou anos e anos caminhando pelo deserto até encontrarem a tal terra. Quando chegam estes lá, descobrem que essa mesma terra já está ocupada e isso, de uma certa forma, tira-lhes as esperanças.

Doze homens são, então, enviados para espiar a terra de Canaã, a fim de verem a terra, descobrirem quem era o povo que nela já habitava, se havia cidades, se era fortificada, quais eram as suas riquezas, os seus frutos, etc. Enfim, queriam que fizessem um verdadeiro relatório sobre aquilo que lhes aguardava. Foram os doze, e depois de quarenta dias retornaram com as notícias ao povo. Chegam a Moisés e dizem:

“Fomos à terra a que nos enviaste; e verdadeiramente, mana leite e mel, e este é o fruto. O povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades, fortes e mui grandes (...)”

No primeiro momento do comunicado, as notícias parecem ser boas. E o são. Através dessa verdadeira pesquisa de campo, vemos a confirmação de que a terra era abundantemente rica em todos os seus aspectos. Mas no segundo momento, percebemos a frustração. Fico imaginando a entonação daqueles homens falando isso: “O povo, porém...” Existe sempre esse “porém”. Vira e mexe ele aparece para desestimular todos os que estiverem por perto; porém, ele também aparece como uma ressalva, como uma salvação. Mas nesse caso, ele quer dizer o clássico porém de adversidade. Saber que na terra que lhes era prometida havia um povo forte e poderoso, que habitava em cidades grandes e fortificadas, os enfraqueceu de tremenda maneira.

Entretanto, um dos doze homens que tinham sido enviados, Calebe, toma a voz e diz:

“Eia! Subamos animosamente e possuamo-la em herança; porque, certamente, prevaleceremos contra ela.”

Deve haver quem diga que Calebe foi o animado da história. Sabe aquela pessoa que diz sempre frases de ânimo mesmo quando tem uma chuva de espinhos na sua cabeça, de uma forma bem serelepe, bem viva? Geralmente essas pessoas são destratadas: “Sai daí, seu doido!” Mais ou menos assim foi a reação do povo para com Calebe e seu otimismo exacerbado. Contra o otimismo, veio o pessimismo:

“Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós.”

“E infamaram a terra, que tinham espiado, perante os filhos de Israel, dizendo: A terra, pelo meio da qual passamos a espiar, é terra que consome os seus moradores; e todo o povo que vimos no meio dela são homens de grande estatura.”

A terra, antes exaltada como a Terra Prometida, Canaã, de onde manava leite e mel, prometida ao povo escolhido por Deus, agora recebia toda a carga de descrédito e desesperança. O povo, acuado pelas circunstâncias, começa a andar para trás, desistindo e desacreditando na verdade que tanto cultivavam no seu coração. O medo de ter que atravessar mais uma batalha – e quando eu digo batalha eu não digo, nesse caso, no sentido figurado – depois de enfrentar tantas dificuldades em meio ao deserto os desestimulou. Eu diria que a expressão para esse momento é o “morrer na praia”, porém com duas interpretações. A primeira é que depois de tanta coisa, iam acabar morrendo numa luta corporal, sem conseguir o que objetivavam. A segunda é que depois de tanta coisa, iam acabar desistindo de lutar por aquilo que queriam na reta final da saga. (Sendo que uma interpretação é mais honrosa que a outra, mais deixemos questões de honra para outro post.)

Como já disse, o povo se sentiu acuado pelas – famosas – circunstâncias, forçado a se sentir pequeno em meio a tudo isso.

“(...) e éramos aos nossos olhos como gafanhotos e assim também éramos aos seus olhos”

A sensação de que a derrota é certa e que não há mais nada a se fazer é um sinal indicando que o afogamento está próximo; que precisamos de ajuda.

Contextualizando...

A Bíblia é cheia de histórias, de fatos, de acontecimentos do passado, mas que através de interpretações mais profundas podemos trazê-las à nossa realidade, contextualizar com a história da nossa vida, da nossa família, da nossa igreja, da nossa cidade, do nosso país. É por isso que algumas passagens bíblicas acabam sendo tão admiradas por nós: porque há essa identificação. Ou você nunca se sentiu sensibilizado, por exemplo, com alguma pessoa, algum filme, ou coisa parecida, contando algo que lhe é muito familiar, que você já viveu ou vive?

Aproveitando essa capacidade de relacionar histórias, eu coletei itens de Números 13:25-33 e de outras passagens e as listei para o post.

- A Luta: o povo escolhido por Deus enfrenta muitos desafios até alcançar o seu objetivo.

Nós também passamos por momentos difíceis antes de alcançarmos aquilo que queremos. Estudando para o vestibular e levando como exemplo a vida de amigos que já alcançaram o seu sonho, percebo que a dedicação, o esforço, o cansaço e a persistência nos acompanham em nossa caminhada antes de nos deleitarmos em tranquilidade.

- O Grande Empecilho: o povo escolhido por Deus, chegando “às portas” da Terra Prometida, depois de fazerem o “relatório” das características do lugar, sentem-se desencorajados em continuar lutando, por medo de serem derrotados, por medo de não conseguirem, por medo de tentar...

Nós também somos assim em algumas situações; é uma característica puramente humana, mas não quer dizer que é uma boa. Imagine-se no meu lugar e no lugar de muitos jovens desse país: depois de passar um ano inteiro estudando e se preparando para o vestibular, tendo batalhado contra o cansaço, a preguiça, (no meu e em outros casos a saudade da família), sacrificando nossos momentos de descanso, descontração, diversão, lazer e a nossa própria vontade, ainda temos que extrair forças sobrenaturais para enfrentar o desafio final, ou melhor, o verdadeiro. É chegado o dia do vestibular e junto com eles uma carga de pressão, nervosismo e estresse. Quem não se prepara para suportar isso pode pensar em parar a luta nesse exato momento. Admito que já senti a vontade de, na hora da prova, largar tudo e ir me embora para bem longe. Isso nos cansa, mas Deus sempre tem me dado energias; mas cansa.

- A Pequena Chama e o Balde de Água Fria: Calebe foi o empenhado servo de Deus que não deixou de confiar Nele, mesmo quando viu a ameaça de derrota face a face. Ele foi a chama de vida e de esperança, mas o povo com suas murmurações tratou logo de apagá-la.

Nós também temos sempre aquela chama de esperança no nosso coração. Tem gente que consegue viver com essa chaminha por um longo tempo, protegendo-a e sempre fugindo da chuva, para evitar que ela se apague. Mas viver assim não é bom; viver assim é viver perigosamente. Precisamos de quem possa jogar lenha na fogueira, ou seja, de quem nos incentive a não cair. Agradeça a Deus se você tem alguém assim. Porque quem não tem se vira para sustentar-se a si mesmo e isso é desgastante. Ainda mais com pessoas que nos influenciam a abandonar o ringue. Pessoas com palavras de desânimo, de desesperança, nos colocando para baixo ao invés de nos levantar são os tais baldes de água fria. A preocupação e o cuidado, até o amor, podem ser expressos pela severidade, pela bronca – aquela que a gente toma dos pais, por exemplo –, mas quando vem para machucar, aí não faz outra coisa que machucar.

- A Ameaça Gigante: O povo de Israel pareceu receber um forte combustível para murmurar depois de receber o relatório da Terra. Diziam eles: “Também vimos ali gigantes” (os filhos de Anaque, que habitavam a terra, eram descendentes de gigantes). Saber da presença de gigantes, de uma grande ameaça, repercutia num sentimento de grande temor; quanto maior a ameaça, maior seria a luta que eles teriam de travar. Isso os desencorajava ainda mais.

Dentre os empecilhos que apareceram diante do povo de Deus, um deles me chamou muita a atenção porque possui uma grande aplicabilidade ao assunto “vestibular”. Os tais gigantes que teriam de enfrentar; um problema gigante, verdadeiramente. Muitas vezes nos deparamos com problemas dessa estatura. E dependendo do desespero, eles podem aumentar ainda mais de tamanho. O vestibular para muita gente é um verdadeiro bicho-papão, um monstro gigante, que está à nossa espera para nos destruir, nos massacrar. Talvez nem seja tão terrível assim, mas a atmosfera que ronda muitos dos vestibulandos acaba enfeando a cara da prova e assustando mais do que devia. Quanto maior a ameaça, maior a luta a ser travada. Isso desencoraja muita gente...

Agora que já temos estabelecidos as semelhanças do texto bíblico com a nossa vida (não vou dizer só a do vestibulando porque as lutas que passamos não se reduzem somente ao vestibular...), é hora de tomar posse daquilo que Deus tem para cada um de nós.

Tomando posse!

As experiências que tive com o vestibular são bem minúsculas perto das de algumas pessoas que já passaram por muita, muita coisa. Mas uma coisa que aprendi bastante durante este ano é o de que devemos prevalecer. Que devemos tomar coragem e prevalecer, diante das adversidades.

Calebe, como já vimos, no seu discurso, usou a palavra “prevaleceremos”. Prevalecer significa ser capaz, ter poder, ter a capacidade de vencer ou ser bem-sucedido. Calebe disse aquelas palavras com convicção e no meio de gente incrédula que só sabia reclamar. Mas a convicção que ele possuía não vinha de uma mera prática do pensamento positivo. Ele cria na promessa que Deus tinha para vida dele e de seu povo, e não abandonou a sua fé, não abandonou o seu Deus, diante das adversidades.

O povo, inconformado com a situação, atribulado pelo medo, ira-se contra os seus atuais líderes, Moisés e Arão, buscando eleger um outro líder – sendo que Moisés e Arão eram os que haviam sido verdadeiramente ungidos por Deus para guiar aquela gente. Calebe e Josué – outro homem que permanecia crente na promessa do Senhor e que havia também sido escolhido para espiar a terra – de coração entristecido, disseram a toda a congregação dos filhos de Israel:

“A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra muito boa. Se o Senhor se agradar de nós, então, nos fará entrar nessa terra e no-la dará, terra que mana leite e mel. Tão somente não sejais rebeldes contra o Senhor e não temais o povo dessa terra, porquanto, como pão, os podemos devorar; retirou-se deles o seu amparo; o Senhor é conosco; não temais.”

Duas coisas eles pontuaram nesse outro discurso: a de que era real a promessa de Deus para com eles, que Deus havia de pô-los para dentro da terra, se O obedecessem; a outra é a exortação ao “não temer”.

Na Bíblia, 366 vezes, é repetida a expressão “Não temas”. Interessante, porque isso nos faz concluir que temos uma para cada dia do ano e uma a mais para os anos bissextos. Deus é tão tremendo, tão poderoso, tão longânime, cria planos e propósitos tremendos para a vida de cada um de nós e nos dá a certeza de que a execução de tais planos está sob o controle e o comando Dele, mas ainda assim temos a insegurança, temos o medo, a sensação de perigo, naturais do ser humano. No entanto, para mostrar o quão perfeito Ele o é, Deus ainda nos diz, a todos os momentos, a todos os dias para não temermos, porque Ele é conosco.

Calebe não abandonou a sua fé, prevaleceu diante das adversidades, permaneceu firme, não temendo mal algum, por maiores que fossem as circunstâncias – sim, elas de novo. Se prosseguirmos a leitura de Números, veremos uma passagem muito bonita, que ratifica os resultados de se ser fiel e confiante em Deus.

“Tornou-lhe o Senhor: (...) nenhum dos homens, que tendo visto a minha glória e os prodígios que fiz no Egito e no deserto, todavia, me puseram à prova já dez vezes e não obedeceram à minha voz, nenhum deles verá a terra que, com juramento, prometi a seus pais, sim, nenhum daqueles que me desprezaram a verá. Porém o meu servo Calebe, visto que nele houve outro espírito, e perseverou em seguir-me, eu o farei entrar a terra que espiou, e a sua descendência a possuirá.”

Mesmo tendo visto as coisas maravilhosas que Deus havia feito, o grande mover que Ele realizou para trazer toda aquela gente para a terra que Ele havia prometido, com juramento, muitos teimaram em não crer que iriam chegar a Terra Prometida.

Algumas vezes fazemos isso: não conseguimos crer nas promessas de Deus para as nossas vidas, mesmo sendo testemunhas das outras coisas que Ele já fez por cada um de nós. O ano inteiro se passou e muita coisa aconteceu, e Deus se mostrou presente em muitos momentos, senão todos! Deus opera nas pequenas coisas, aquelas que não conseguimos perceber, até nos grandes acontecimentos. Precisamos ser gratos a Ele por isso. Deus tem sido fiel. Muitas vezes até recebemos coisas de Deus que nem acreditamos sermos merecedores, mas o Seu amor, a Sua graça e a Sua misericórdia vão além daquilo que possamos imaginar.

Prosseguindo, Calebe, como já disse, permaneceu firme. Prevaleceu. E Deus o recompensou por isso. Os que creram nas promessas de Deus e não ficaram focando os problemas, saboreando os momentos de angústia e temor; os que olharam para frente, não temendo, mesmo que lá dentro algo dissesse “não vai dar”; os que lutaram contra esses pequenos murmúrios naturais do ser humano e foram seguindo a trilha; os que tiraram a água que entrava de vez em quando no barco, e procuraram manter o equilíbrio nas tempestades; os que prevaleceram lutando sempre, mesmo quando tudo parecia contrário, esses, Deus recompensou.

Seja no vestibular, seja num problema familiar, num problema de saúde, num problema na universidade, num problema conjugal, num problema no seu relacionamento com Deus, uma máxima é certa: não temas. Prevaleça. Não se deixe perder para o medo, para o nervosismo, para a incredulidade deste mundo. Não permita que outras pessoas venham jogar uma água fria na chama do seu sonho. Agarre-se na promessa de vitória que Deus tem para você.

E que no futuro possamos, todos juntos, olhar para trás e ver o que Deus já fez por nós e dizer para nós mesmos que “Deus me fez passar por caminhos tortuosos, nunca me abandonando, me ensinando, cuidando de mim, me mostrando os passos que devia dar, aplicando freios quando corria demais, e me fez por fim alcançar o meu objetivo”, tal como os filhos de Israel fizeram mais tarde, depois de alcançarem a Terra Prometida. Isso, eu desejo a mim e a todos nós que passamos por momentos de luta e que acreditamos na recompensa vindoura:

“Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos. Ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam, para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor viverá o homem. Nunca envelheceu a tua veste sobre ti, nem se inchou o teu pé nestes quarenta anos. Sabe, pois, no teu coração, que, como um homem disciplina o seu filho, assim te disciplina o Senhor, teu Deus. Guarda os mandamentos do Senhor, teu Deus, para andares nos seus caminhos e o temeres; porque o Senhor, teu Deus, te faz entrar numa boa terra, terra de ribeiros de águas, de fontes, de mananciais profundos, que saem dos vales e das montanhas; terra de trigo e cevada, de vides, figueiras e romeiras; terra de oliveiras, de azeite e mel; terra em que comerás o pão sem escassez, e nada te faltará nela; terra cujas pedras são ferro e de cujos montes cavarás o cobre. Comerás, e te fartarás, e louvarás o Senhor, teu Deus, pela boa terra que te deu.”

Deuteronômio 8:2-10.

Fiquem na paz e não temas.

Odir Macêdo Neto.


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Dando uma de fotógrafo...

Posted by Odir Macêdo Neto on 22:26 in , ,
Belém, 11 de outubro de 2009.

Aos leitores: Oi.

Bem..., foram muitas coisas acontecendo, e tudo em menos de uma semana. Semana conturbada, cheia de coisa para fazer e com os dias carregados com os preparos para o Círio que ocorreu neste domingo. Em Belém, impossível não ser atingido pela festa católica, sendo católico, sendo evangélico, espírita, judeu, ateu, testemunha de Jeová, satanista, hinduísta, marxista, ou feminista... A cidade inteira se move nos conformes de uma das maiores procissões católicas do mundo.

Eu, estressado e nervoso com os estudos, às vésperas das provas do vestibular, engoli doses amargas e quentes do engarrafamento, do "vuco-vuco" nas calçadas, da fila quilométrica do banco, do supermercado, do caixa da farmácia, da lanchonete do cursinho, da barraquinha do tio da esquina, do banheiro público de um só mictório... Que desgraça. Mas a gente releva, a gente respira fundo e pensa: "Semana que vem é uma outra semana". Mesmo quem é católico se incomoda com o inchaço da cidade, mas se empolga com a movimentação. E eu vou admitir... é interessante e empolgante mesmo...

Por isso, lendo esses jornais da vida, encontrei um artigo bem interessante, falando da impressão que outras religiões têm do Círio de Nazaré e, o melhor, grifando a palavra respeito e tolerância nas entrelinhas do texto de autoria de Anderson Luís Araújo. Como um bom "Ctrl+C'vista", não resisti deixá-lo ali, a mercê da folha impressa, e trouxe-o ao blog:

Evangélico faz exercício de tolerância
Diferença - Adeptos de outras religiões respeitam o Círio e participam de confraternização

Eles não participam do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, mas acabam tendo contato com a maior das festas católicas do mundo. A firmeza nos princípios que diferenciam as crenças deixa os evangélicos fora das homenagens à padroeira dos paraenses. Mas a tolerância e a tradição católica arraigada na história do Estado fazem com que os adeptos do protestantismo respeitem e compreendam a fé dedicada à santinha.

A estudante de Medicina Suelen da Silva Andrade, 25 anos, passou grande parte da sua vida em um mundo completamente católico, tendo inclusive feito a primeira eucaristia. Porém, desde 2001 optou por frequentar e seguir a Igreja Batista Missionária da Amazônia, de orientação evangélica. Ela conta que na época do catolicismo pouco participava das celebrações de sua antiga religião e também não entendia muito bem a devoção a Nossa Senhora de Nazaré. "Para mim, sempre foi difícil entender. Eu não acreditava muito nessa forma de louvar, apesar de respeitar", conta.

A percepção foi decisiva para que ela mudasse de religião. Hoje, Suelen acaba sendo envolvida pelos festejos do Círio, porque sua família ainda é, em grande parte, católica, mas preserva sua crença. "Sou evangélica e participo do almoço do Círio, na casa de um parente que fica no trajeto da procissão. Mas não é por isso que vou mudar minhas convicções ou mesmo desrespeitar quem pensa diferente de mim", comenta a futura médica.

"Não dá para ser chato como as pessoas que se isolam. É preciso saber dividir as coisas. Até porque quando estou no almoço, confraternizando, não estou indo ao Círio, mas sim para ficar com a minha família", acrescenta. Suelen diz que ao estudar a Bíblia Sagrada começou a firmar seus princípios sobre não adorar imagens, o que lhe afasta da romaria dedicada à Mãe de Jesus. "Acho que a fé, sim, é capaz de operar milagres", pondera.

A evangélica ressalta ainda o lado cultural do Círio de Nazaré. "É interessante. É uma festa que consegue unir mais as pessoas. Muita gente que está longe volta só para o Círio. É bonito. Não é porque minha crença é diferente que eu não vou tolerar ou vou discriminar os outros", assinala.

Significado

A estudante de Administração Thuanne Rodrigues da Silva, 19 anos, também frequenta a Igreja Batista. E compreende o significado do Círio, por ter sido católica, antes de adotar a nova religião, há cerca de cinco anos. Ela explica que, no dia da procissão, o festejo é encarado como um feriado normal, uma data em que as pessoas estão livres para celebrar, visitar amigos e parentes. Porém, religiosidade é outra história.

Embora seja tolerante, Thuanne também menciona a questão da adoração à imagens, que sua religião não permite e acrescenta também outro ponto fundamental na diferença entre o credo católico e o evangélico: a polêmica sobre crer ou não em Maria, mãe de Jesus, como entidade divina. "Deus não divide a glória dele com ninguém. Aprendemos e acreditamos assim."

Liberdade

O pastor e deputado estadual Martinho Carmona fala das diferenças, também, mas deixa claro que "a liberdade religiosa é um direito garantido por lei a todos". "Cada um tem o direito de cultuar a sua crença, segundo a sua fé", assinala. Ele acrescenta ainda que o "paraense é cristão e tem no Círio seu momento mais importante. Nós respeitamos. Igual como os paraenses respeitam quando fazemos a marcha para Jesus. É uma questão de tolerância e respeito ao próximo, aos nossos irmãos", comenta.

(Anderson Luís Araújo, in O LIBERAL, 11 de outubro de 2009.)

Bom texto. Esclarece muita coisa, limpa outras, remonta algumas e derruba certas.

Agora, com relação à semana que passou... Deixando de lado o fato de você ter que ficar mais em casa do que na rua, primeiro porque você tem que estudar, segundo porque você prefere a quietude do lar a ter que enfrentar a confusão urbana, pude colher bons frutos do Círio deste ano. Apesar do arrependimento me bater quando penso que poderia ter sido voluntário da Cruz Vermelha mais uma vez, vejo o que fiz e penso e concluo: bom.

Quis sair um pouco da mesmice e tentar algo de novo. Na verdade, um desejo embutido em mim e que estava só esperando o momento certo para ser expressado. O momento, ou melhor, o tempo chegou e foi hoje, domingo, dia do Círio. Com uma câmera digital doméstica de 10.0 mega pixels, saí pelo meio da multidão, costurando entre os romeiros, clicando tudo o que via pela frente. Desde os pés descalços dos pagadores de promessa, passando pelos corajosos da corda, viajando com a chuva de papel picado, chegando às demonstrações de fé diante da berlinda. Como já disse, o resultado disso foi bom.

Gostaria de pontuar que não concordo com certas práticas católicas que, à luz da Bíblia, não são consideradas cristãs, mas como venho de uma família católica, tenho contato com pessoas de diversos tipos de religião e crença, aprendi a respeitar e admirar algumas demonstrações de fé. O Círio é uma delas. Não assimilo o culto à imagem de Maria, mas passando três anos em Belém e participando de diversas formas da grande procissão católica, pude ver emocionantes expressões da religiosidade e cultura paraenses. É de encher os olhos, embora entristeça o coração de boa parte de nós, cristãos-protestantes.

Bem... "vaaaaamo" parando por aqui com esses papos e vamos ao que interessa. Deixo aqui algumas das fotos que tirei durante a procissão:

Para ver mais fotos, acesse o meu álbum do Flickr, através do link Photos na barra superior desta página. A vontade que dá é colocar todas aqui no post, mas o tamanho dele já tá passando da medida. Ainda bem...

A todos uma ótima semana, ótimos tempos para cada um e até outro relato de mais outro tempo.

Abraços.


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NOTA - Lançamento DT 12

Posted by Odir Macêdo Neto on 01:10 in , ,
Belém, 6 de outubro de 2009.
Acabei de saber: 23 de Outubro de 2009 - Lançamento do 12º CD e DVD do Ministério de Louvor Diante do Trono, Tua Visão. Pré-Venda nos sites Saraiva e IXTHUS, além do site Terra Sonora que está disponibilizando o áudio na íntegra do novo CD.

Créditos à comunidade do Diante do Trono no Orkut - porque o site, tá uma decadêêência... nenhuma informaçãozinha, até agora.

Obs: essa é capa do CD antiga, a nova versão pode ser vista nos sites de venda listados acima. Uma mudança discreta - a fonte do TUA VISÃO, para ser mais exato. Mas como eu gostei mais dessa e isso também deixa um ar de exclusivo no blog, resolvi postar a antiga. (Risos)

Abraços e 'té outro tempo.

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Ética - Base para as relações sociais

Posted by Odir Macêdo Neto on 20:13 in ,
Belém, 2 de outubro de 2009.

Não é preciso analisar muito o mundo e seus habitantes para notar a perda de princípios e o desuso da ética nas relações sociais. Esta, a base de toda e qualquer sociedade saudável, vem perdendo espaço no "ranking" de prioridades a serem seguidas pelo ser humano e sua importância, esquecida. Ao contrário do que parece, ética é essencial, e sua prática, indispensável.

A ética é uma ferramenta, criada através dos tempos, durante o proce
sso natural da reflexão humana, para demarcar as relações do indivíduo com o mundo ao seu redor. Sem ética, uma sociedade torna-se corrupta, desonesta, injusta, desigual, imoral. Problemas sociais surgem e/ou se intensificam, o desrespeito ao cidadão torna-se prática comum e as pequenas relações sociais deturpadas.

Teoricamente falando, os princípios éticos são cheios de verdade e sensibilidade, porém, se reduzidos ao papel, soam até românticos. A solidariedade, a justiça, a honestidade, o respeito, a incorruptibilidade são só belas palavras se não praticadas. Ser ético abr
ange o conhecer e o praticar tais princípios. E o praticar consciente e espontâneo, sem a pressão de olhares ou ordens.

Quem veste a camisa da ética procura - e alcança - uma interação mais harmoniosa com sua família, com seus colegas de trabalho, com as pessoas em geral, com o planeta e consigo. A ética é importante nas decisões do indivíduo, como na escolha dos governantes, e importante no mandato destes. Ela vem nortear aqueles que trabalham para nortear o futuro de uma nação.

A realidade de muitos países seria outra se o princípio "ser ético" fosse mais difundido e assimilado em todos os ramos da sociedade. Apesar de esquecida, a ética é e sempre será a base necessária para a recuperação e consolidação moral de um povo, garantindo desenvolvimento e qualidade de vida a muitas gerações.

Odir Macêdo Neto.