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Antes que termine

Posted by Odir Macêdo Neto on 22:42
Belém, 30 de setembro de 2010.

Antes que o último suspiro de setembro seja produzido pelo corpo cansado e moído desse mês cansativo e "moitivo", é sempre bom deixar aqui algumas palavras, antes que termine o mês. Também é bom deixar as primeiras e últimas palavras antes do fim de semana que se aproxima. No caso, antes que comece a Festa da Democracia no Brasil.

É sempre comum ouvirmos alguém dizer por aí uma frase que, querendo ou não, é uma boa desculpa para terminar uma conversa, mas também muito ignorante, vamos combinar. Diz assim:

"Política, religião e futebol: não se discute!"

A frase, deve-se concordar, é do maior mau gosto. E da maior burrice também. Primeiro, porque muita coisa fica estagnada e parada na nossa política porque o povo prefere fechar a matraca que, sim, incomodaria muita gente se fosse uma vez aberta - como já foi em outros tempos. Segundo, porque algo tão importante e essencial na vida do ser humano, como a religião, é simplesmente negado e jogado às traças do tradicionalismo e da falta de senso crítico. Terceiro, porque deixar de falar de política, deixar de falar de religião, até aí, dá pra passar... Mas se até futebol que é o assunto mais falado no país e que, simplesmente, é a marca da nossa nação, por mais sem futuro que seja ficar discutindo sobre ele; se até do futebol o cidadão não quer falar... Então, tá complicado! 

Meu irmão, minha irmã... Pelo menos de futebol, você deve conversar de vez em quando. A questão é que as pessoas têm medo de falar de assuntos que sejam um pouquinho mais sérios! Eu não sei exatamente de onde vem esse temor. Um trauma, alguma tipo de confronto psicológico no passado de nossos pais e avós, alguma coisa do tipo, parece querer nos perseguir. As lembranças daqueles que um dia quiseram indagar a religião e foram calados, as imagens daqueles que um dia resolveram andar contra os rumos dos governos e foram torturados, as cenas daqueles que quiseram ter uma discussão civilizada com os irmãos do outro time e foram massacrados; essas memórias certamente afrontam as pessoas desse país. SÓ PODE!

Existe e sempre vai existir os que estarão com medo de falar e os que vão querer meter medo para que outros não falem. Esse discurso não vale nada. Essa é a verdade. A discussão, e quando eu falo em discussão eu não falo de vale-tudo, dedada no olho, puxão de cabelo, gravata, coronhada, beliscão no mamilo, essas coisas brutas e que no final são até engraçadas... A discussão, a conversa, o diálogo, a troca de ideias - esse sinônimo é ótimo - sempre valem a pena. É nesse rumo, pelo menos deve ser, que o Brasil, o Pará, o Amapá, o Ceará, o Rio Grande do Norte, Goiás, Mato Grosso do Sul, o Paraná, o Rio de Janeiro, o Espírito Santo, os estados que compõem a federação, serão, verdadeiramente, beneficiados e agraciados com a justiça e com a incorruptibilidade de nossos políticos.

Tá, tá... É um sonho... Mas vamos lá, vamos sonhar enquanto não temos imposto para pagar por sonho.

Domingo é o dia da grande festa. Não temos muito tempo para dialogar, discutir, conversar entre si. Mas façamos isso com nós mesmos. Refletir, não faz mau. Agir, no domingo, também não.

Eu já tenho minha reflexão. Eu posso até dizer para vocês que não vai ser agora, mas deixa para próxima. Se o Lula não inventar a candidatura de novo!


Fikdik (esse apelo não é o mais bonitinho, mas o que vale é a intenção).

Até outro tempo, cidadão.